Inovar é preciso?

Definida como a capacidade de criar novos produtos ou modificar processos, a inovação pode ser incremental quanto usa a mesma tecnologia e está focada no mesmo mercado, onde ocorrem pequenas modificações, melhorias e adaptações nos produtos e processos, ou radical (disruptiva) que descreve a inovação tecnológica em produtos ou serviços, com características evolutivas onde são implementadas ideias que usam tecnologia diferenciada e alcançam novos mercado.

A inovação tem papel estratégico na construção das bases para o aumento da competitividade das empresas, bem como, para o crescimento econômico sustentável do país. Com a ampliação da atuação focada em inovação as empresas têm a oportunidade de oferecerem produtos e/ou serviços competitivos, com qualidade e valor agregado.

A carteira de projetos inovadores sugerida é a que equilibra, pelo menos, algumas inovações radicais, que exigem mais investimento, contemplam maiores riscos, porém, com maior retorno, algumas inovações intermediárias que tenham relação com o foco principal da empresa (risco médio, com retorno médio) e muitas inovações incrementais que apresentam risco baixo, e também, menor retorno.

Inovação não é invenção, considerando que inovação só será assim considerada se for percebida como inovação pelos clientes e pelo mercado. Se uma invenção, por melhor que possa ser aquela ideia, não for realizada e concretizada na prática, terá pouca ou nenhuma relevância; a criatividade, portanto, precisa necessariamente gerar valor para ser considerada inovadora.

Porém, mais que realizar a inovação, é fundamental que a empresa se preocupe e invista na gestão de sua atuação em inovação, de forma continuada e permanente, de modo a manter a vanguarda e conseguindo continuar competitiva, ganhando novos mercados, novos clientes e sendo referência em seu setor.

A capacidade de inovação deverá estar intrinsecamente ligada à cultura gerencial estabelecida, daí a importância de trabalhar-se nessa cultura, de modo que a cultura para a inovação esteja alinhada com a estratégia organizacional; sem esse perfeito alinhamento, o processo poderá  resultar fracassado.

No livro “As regras da Inovação” os autores sustentam que há duas estratégias no processo para inovação: jogando para ganhar, quando a empresa realizada inovações radicais e jogando para não perder, quando são priorizadas as inovações incrementais, mas advogam que a empresa não pode deixar de jogar em pelo menos uma delas. Para esse jogo, é necessário, e fundamental eu diria, trabalhar-se a cultura da inovação.

Mas o desenvolvimento de uma cultura inovadora não resulta de uma definição ou da determinação da diretoria ou ainda da vontade específica de alguém da empresa, mas sim, de um conjunto de práticas, ferramentas e processos, que se configuram na devida ambiência que favoreça a apresentação de ideias a serem avaliadas e consideradas para possíveis investimentos; a isso costumo chamar de “estar com a casa arrumada” em termos de gestão do processo de inovação.

Considerando que a inovação não vem das máquinas, nem dos processos por melhores e mais modernos que sejam, tampouco da tecnologia, pois esta não faz ninguém melhor, mas antes, que a inovação tem origem na mente criativa das pessoas, a capacitação e engajamento da equipe interna é fator determinante para que o ambiente seja favorável à inovação.

Comparando-se o movimento que as empresas fizeram quando do auge da implantação dos processos de gestão da qualidade, investindo e qualificando as pessoas, métodos de fabricação e de gestão e mapeamento de todos os processos visando alcançar a almejada certificação, a inovação também pode tornar-se sistêmica, resultando em um processo corporativo de inovação tão eficiente e comum quanto o são os sistemas da qualidade; podemos então afirmar que a empresa terá um sistema ou metodologia de inovação que deriva de um bom e consistente plano de gestão do processo de inovação. Se esse plano derivar de um bem efetuado mapeamento situacional da gestão do processo de inovação, maiores e melhores serão as chances de que o mesmo seja eficiente e duradouro.

É importante considerar que a inovação envolve riscos, é o resultado de atuação em equipe e deve envolver e acontecer em todas as áreas da organização, que os resultados muitas vezes não são imediatos, contrastando com a cultura de boa parte das empresas que esperam por retorno imediato. Nesse contexto, é relevante que haja espaço para erros e possíveis equívocos; na apuração geral dos indicadores de avaliação e acompanhamento, os resultados, muito provavelmente, serão positivos.

Para uma boa gestão do processo de inovação há a necessidade de uma boa ferramenta para priorização das muitas ideias apresentadas, com critérios definidos segundo interesses da empresa e alinhados à sua estratégia de gestão; dessa priorização resultará na carteira equilibrada de projetos inovadores da empresa, contemplando muitas ideias incrementais, algumas intermediárias e outras radicais.

A empresa que direciona esforços em inovação incorpora o enfoque na gestão do processo de inovação desde a elaboração do planejamento estratégico alinhando as duas estratégicas, de gestão e de inovação, fundamental para que o processo flua com naturalidade.

Como resultado da implementação do processo de gestão da inovação a empresa pode incorporar também outros benefícios como: conhecimento de seu posicionamento em relação à gestão do processo de inovação – fundamental que se inicie com essa análise, independente da ferramenta a ser utilizada, estrutura organizacional focada na inovação, capacitações da equipe, plano estratégico da inovação, ferramentas para coleta e gestão de ideias inovadoras, sistematização das informações e definição de indicadores para medição e avaliação dos resultados alcançados, configurando-se num ciclo contínuo, virtuoso e vitorioso. Essas entregas derivam de uma boa metodologia de gestão da inovação.

Luiz serafim em “O poder da Inovação” aponta que “inovar não é preciso”, uma vez que inovação carrega incertezas e riscos, pode não dar certo; mas “é preciso inovar”, para que a empresa continue atuante e competitiva, para que ela não tenha uma morte lenta, caso não inove. Nos dias atuais a empresa não precisa ter um quadro na parede certificando que ela é inovadora para manter-se competitiva no mercado, porém, se ela não inovar, o mercado se encarregará de mostrar a ela que não está sendo competitiva.

Boa parte das empresas investe em inovações, porém, não realizam adequadamente a gestão do processo de inovação, perdendo assim, oportunidades de acesso a recursos reembolsáveis, ou mesmo não-reembolsáveis, porém, com juros subsidiados.

Uma vez trabalhada e implementada a ambiência necessária e com a inovação inserida em seu DNA a empresa realizará inovações sistemática e continuadamente em seus produtos, processos, na forma de comercialização ou na própria gestão, aumentando sobremaneira as possibilidades de acesso aos recursos de fomento para suas inovações que, por certo, lhe trarão perenidade, prosperidade nos negócios e ganhos de competitividade.

Esse processo não é simples, nem fácil; com o apoio de bons parceiros, o desafio será facilitado e a implementação agilizada e de maneira exitosa.

Artigo escrito por:

Natalino Uggioni

Superintendente do IEL/SC

By | 2018-07-26T20:15:00+00:00 julho 26th, 2018|Inovação|