Em qualquer ramo de negócio, quer seja de saúde, alimentos, automobilístico, têxtil, etc. , do mais simples estabelecimento como por exemplo uma padaria de bairro até uma indústria que componentes aeroespaciais, a competência da logística de suprimentos se faz necessária, com recursos e tecnologias adequadas a cada atividade. Quero aqui destacar algumas características e funções da Logística de Suprimentos no contexto do gerenciamento das cadeias de suprimento, também conhecido como Supply Chain Management – SCM. A complexidade, intensidade, abrangência e especificidades das atividades que acontecem nas transações entre os compenentes das cadeias de suprimento são diretamente proporcionais ao desafio de seu gerenciamento. Devido a sua relevância para a garantia dos negócios, a logística de suprimentos em algumas empresas engloba até mesmo as atividadaes de compras ou procurement. Em casos de fornecimentos mais complexos ou de importância devido a urgência ou altos custos, os profissionais de logística de suprimentos participam das negociações em conjunto com os vendedores e compradores, desde as etapas do planejamento de aquisição.
No plano tático, algumas atividades mais comuns da logística de suprimentos, são compreendidas entre as etapas de diligenciamento dos pedidos de compra até a disponibilização dos itens adquiridos, quer seja para consumo interno ou venda. Assim, após determinado contrato de fornecimento ou pedido de compra ter sido efetivado entre duas empresas, a área de compras da empresa cliente, disponibiliza as respectivas informações para os profissionais de logística de suprimentos iniciarem suas atividades, que podem ser assim sequenciadas:
- Diligenciamento dos pedidos que permitirá planejar com mais assertividade as atividades de recebimento dos itens adquiridos.
- Contratação do transporte dependendo do tipo de fornecimento contratado (FOB, CIF, etc)
- Recepção do veículo de transporte
- Conferência fiscal
- Conferência física
- Preparaçao das cargas para armazenagem ou abastecimento de linhas de produção
A tipologia e a quantidade de “não conformidades” detectadas em cada uma destas etapas demonstra o grau de alinhamento das empresas componentes das cadeias de suprimentos. Estas “não conformidades” ilustram os controles adotados pelas empresas e aquelas que têm estrutura de pessoal qualificado também quantificam os custos inerentes da falta de qualidade. Não são raros os casos de devoluções de mercadoria ou atrasos de recebimento provocados por falhas simples como a omissão do nº do pedido na nota fiscal de fornecimento, isto sem mencionar as mais tradicionais “não conformidades” tais como as divergências de preços e de quantidades de itens. Também não são raros os casos em que a conferência do recebimento é feita utilizando-se a própria nota fiscal, anotando-se manualmente as quantidades recebidas e, neste caso, os gestores ”acreditam” que os colaboradores conferentes estão realmente efetuando as contagens e demais conferências.
No plano estratégico, baseando em minha experiência profissional, quando me deparo com situações recorrentes que denotam falta de qualidade e compromisso em resolver questões básicas de suprimentos, procuro aprofundar nas relações entre os diversos componentes das respectivas supply chains. E assim posso avaliar os diversos gaps de comunicação, entendimento e atitude que permeiam as estruturas organizacionais em seus diversos níveis hierárquicos, que resultam em redução dos níveis de serviço ao cliente e certamente em aumento de custos. É comum observarmos empresas de porte, que apesar de estarem com seus statements (visão, missão e valores) muito bem redigidos e estampados em sites na internet, nas salas de espera e nas salas das chefias e até mesmo nos prêmios de qualidade, apresentarem dificuldades no entendimento e no relacionamento com seus fornecedores e clientes. Não basta que determinada empresa tenha sua visão perfeita e divulgada através dos mais diversos canais de comunicação… é preciso que sua organização seja visionária, que possa agir de modo a simplificar, melhorar níveis de serviço e reduzir os custos, que contribua para o necessário alinhamento de seus pares, enfim, que possa contribuir de fato para o aumento da competitividade das cadeias de suprimentos em que estiver inserida.
A liderança de uma cadeia de suprimentos pode ser definida por quem é o componente mais forte, mas também pode estar diluída entre seus componentes, o que pode provocar mais “ruídos” e dificultar ainda mais o entendimento entre eles e, consequentemente, colocando mais obstáculos para a obtenção do chamado “pedido perfeito”. Os empresários que desejam fazer negócios com menores custos e riscos devem estar atentos às suas ações no sentido de evitar que soluções simplórias tal como empurrar os custos e ineficiências para seus clientes ou fornecedores sejam adotadas. Eles devem agir com mais responsabilidade e participar ativamente para que ao menos em sua área de influência direta (seus fornecedores e clientes imediatos) todos entendam e comunguem dos mesmos valores e consigam propagar isto ao longo das inúmeras etapas do SCM. Isto pode parecer utopia nos dias atuais em que a qualidade muitas vezes é vencida pela pressa. Agilidade de fornecimento não implica em saltar etapas dos processos, mas garantir sempre a sua melhoria continua. Como vemos, gerenciar etapas e processos de suprimentos não é tarefa fácil, pois exige dedicação e competência para se encontrar a solução certa. E como já dizia H.L.Menchem, jornalista e crítico americano: “Para todo problema complexo existe sempre uma solução simples, elegante e completamente errada”, precisamos estar atentos à eficiência e eficácia das soluções.
Vale salientar que a capacitação e visão ampla do profissional de logística de suprimentos são fundamentais para esta tarefa. Parafraseando alguns líderes empresariais e gurus que afirmam que nada substitui o lucro, digo que nada é mais importante que o pedido perfeito, o graal dos negócios e o maior desafio para os profissionais que atuam no mundo dos negócios, em qualquer parte do planeta e em qualquer negócio.
Artigo escrito por:
Nyssio Ferreira Luz
Graduado em Engenharia Mecânica pela UFMG, Especialista em Planejamento e Gestão pela UFU, Mestre em Logística de Transportes pela UFSC e Conselheiro pela FDC.UFU – Universidade Federal de Uberlândia – MG. É membro do CSCMP – Council of Supply Chain Management Professionals – USA; Membro do GIE – Grupo de Intercâmbio Empresarial – Belo Horizonte – MG; Membro da Câmara da Indústria de Energia – FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais; Experiência como executivo em empresas como VALEP, PETROFÉRTIL e Martins. Atualmente é consultor e diretor do IBRALOG – Instituto Brasileiro de Logística.